Setor de equipamentos para limpeza ensaia recuperação ainda este ano
Após amargar dois anos de queda, a indústria de equipamentos e material de limpeza ensaia o começo de uma recuperação. O setor pode crescer 5% em 2017 sobre 2016, segundo a Associação Brasileira do Mercado de Limpeza Profissional (Abralimp).
O crescimento previsto do volume das vendas vem depois de uma retração de aproximadamente 20% no ano passado, diz o presidente da Abralimp, Sandro Haim. "A leve melhora da economia deve catapultar nosso segmento, que sofreu muito, mas tem um rápido potencial de recuperação". Para 2018, a projeção dele é de alta de 10% a 20%.
Na visão dele, a alta será puxada pela renovação do maquinário. "Assim como as pessoas fazem com os automóveis, que rodam mais antes de trocar, as empresas utilizaram por mais tempo os equipamentos, optando pela manutenção antes da troca".
De acordo com Haim, a expectativa é que a substituição privilegie itens revestidos de inovações, que facilitem as rotinas de limpeza, gerem mais economias de recursos (tais como água e energia) e elevem a produtividade na prestação dos serviços. "O foco das novas máquinas é a redução das despesas", diz.
Entre os principais equipamentos produzidos pela indústria de limpeza profissional estão máquinas de lavar e secar pisos, aspiradores e hidrojateadores. No radar do setor, está a demanda das áreas de alimentos e bebidas, metal-mecânica, montadoras e indústria de base.
Também diretor-geral da Alfa Tennant, Haim relata, porém, que, em relação ao pico de vendas registrado pelo setor em 2013, o volume caiu 50% desde então. "Este ano paramos de cair e conseguimos, inclusive, recompor um pouco de margens, o que está levando a indústria a voltar a investir", afirma. Segundo ele, os aportes em capital, para o aumento da produção, não diminuíram drasticamente entre os anos de 2015 e 2016, o que deixa as empresas mais preparadas para acompanhar a perspectiva de retomada da economia a partir de 2018.
Na JactoClean, que atua com a fabricação de lavadoras de alta pressão, aspiradores de pó e água, além de máquinas destinadas à desinfecção de banheiros e cozinhas industriais, a previsão é de aumento de até 15% das vendas este ano, conta o diretor-geral da empresa, Antonio Luis Francisco. "O mercado ainda não está aquecido, mas estamos aproveitando as oportunidades de lançar novos produtos, que gerem redução de custos, principalmente no segmento profissional", afirma, enfatizando que a empresa aproveitou o momento da crise também para desenvolver um software de gerenciamento de processos de limpeza, o que deverá levar a empresa a ingressar em novos segmentos.
Já o diretor-geral da Becker, Romilton Santos, observa que a aprovação da reforma trabalhista deve melhorar o ambiente de negócios para a terceirização dos prestadores de serviços de limpeza. "Isso deve trazer mais segurança para as empresas contratarem e puxar a demanda industrial", avalia, ressaltando que haverá mais garantias para o investimento.
O executivo da Becker, que produz insumos químicos para produtos como detergentes, vê uma recuperação lenta da atividade em 2017, após uma retração entre 10% e 15% do volume no ano passado.
"Conseguimos recuperar este ano apenas as perdas de 2016", destaca. Santo explica que a empresa ingressou em novas áreas, como de cosméticos, para elevar as vendas no ano passado. "Tivemos que inovar para crescer na crise".
Produtividade
Santos, que é diretor da Higiexpo, principal feira do setor, que acontece a cada dois anos, e começa hoje em São Paulo, ressalta que a busca pela redução de custos e aumento da produtividade, por parte das empresas, estimularam o número recorde expositores deste ano do evento - 93 contra 80 de 2015. "A procura nos surpreendeu muito positivamente", enfatiza ele.
Haim, presidente da Abralimp, estima um mercado de R$ 18,6 bilhões em 2017, incluindo prestação de serviço - além de máquinas e insumos. O montante representa alta de 3,5% em relação a 2016.
Apesar das perdas dos últimos anos, a indústria brasileira de limpeza manteve o quarto lugar no mercado mundial, aponta levantamento da Euromonitor. Em 2016, as fabricantes do setor tiveram faturamento de US$ 6,162 bilhões, ficando atrás dos Estados Unidos (US$ 27,457 bilhões), China (US$ 15,402 bilhões) e Japão (US$ 9,112 bilhões).
Para este ano, a consultoria projeta que a indústria de limpeza cresça no Brasil, em termos nominais, 0,5% na comparação com 2016. Dessa forma, o faturamento da indústria poderia atingir R$ 21,673 bilhões, ante R$ 21,564 bilhões do ano passado. Ainda conforme a Euromonitor, a área de limpeza de superfície deve crescer 2,4%, a R$ 3,773 bilhões, e a de alvejante e água sanitária, 1,2%, para R$ 1,929 bilhão. Já a área de cuidados para a roupa deve cair 0,6%, a R$ 11,017 bilhões.
Fonte: DCI