Economia fraca ajuda a explicar inflação baixa
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que representa a medida oficial de inflação, aprofundou sua desaceleração em junho, com alta mensal de apenas 0,01%, e no acumulado em 12 meses, de 3,37% (ver tabela abaixo), bastante abaixo da leitura anterior (4,66%) e da meta anual perseguida pelo Banco Central (4,25%).
Essa desaceleração se explica pela redução dos preços (deflação) dos alimentos, devido ao aumento da oferta de produtos agrícolas, beneficiada pelas melhores condições climáticas, pela redução dos preços dos combustíveis e pelo fraco crescimento do consumo.
Contudo, também pesou de forma importante a elevada base de comparação do IPCA registrado em junho de 2018, afetado de forma importante pela greve dos caminhoneiros.
O mesmo “efeito base”, junto com a descompressão dos preços das matérias primas industriais (IPA IND), em linha com as menores cotações do dólar, explicam o arrefecimento observado, no mesmo mês, na variação em 12 meses Índice Geral de Preços – Disponibilidade Interna (IGP-DI), divulgado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), que recuou de 6,93% para 6,04%.
Esse arrefecimento, entretanto, foi inferior ao registrado pelo IPCA, pois, os preços das matérias primas agrícolas (IPA AGRO) apresentaram aceleração, causada pelas intensas altas dos preços da soja e do milho, decorrentes da “quebra” de safra da produção norte-americana.
Em síntese, a inflação oficial converge para nível abaixo da meta anual, resultado que deve manter-se ao longo dos próximos meses, devido à fraqueza da atividade econômica, às baixas expectativas de inflação e à descompressão dos preços das matérias primas em geral.
Criam-se, portanto, condições favoráveis à flexibilização da política monetária, à medida em que a Reforma da Previdência avance no Congresso.
Fonte: Diário do Comércio